sábado, 21 de junho de 2014

Bem-estar

DIABETES E OS DISTÚRBIOS DA TIREOIDE


A tireoide é a maior glândula endócrina do nosso corpo e desempenha um papel muito importante no processo metabólico, bem como no crescimento e desenvolvimento corporal. Cerca de 7% da população mundial tem algum tipo de distúrbio da tireoide, que ocupa o segundo lugar, depois do diabetes, quando se trata de doenças endócrinas, em geral. Os Distúrbios da tireoide ocorrem com mais frequência em mulheres (geralmente em idade mais avançada) e em pessoas com diabetes, especialmente do tipo 1. Estima-se que 1 em cada 3 pessoas com diabetes tipo 1 irá desenvolver alguma forma de distúrbio da tireoide ao longo da sua vida. É muito importante que os indivíduos com diabetes tenham uma compreensão do que são os distúrbios da tireoide e como estes poderiam afetar seu controle glicêmico.
Existem dois tipos de distúrbios da tireoide, um é quando seu corpo está produzindo hormônio tireoidiano em excesso (hipertireoidismo) e o outro, quando o seu corpo não está produzindo a quantidade suficiente do hormônio (hipotireoidismo).
Alguns dos sintomas de HIPERTIREOIDISMO incluem:
• perda de peso;
• aumento da temperatura corporal / suar mais do que o normal;
• aumento da frequência cardíaca;
• diarreia;
• no caso das mulheres, o período menstrual pode diminuir ou cessar;
Em paciente diabéticos, o distúrbio mais comum é o hipotireoidismo. Muitos casos de hipotireoidismo são atribuídos a doenças autoimunes, assim como o diabetes tipo 1, sendo esta a principal razão pela qual os pesquisadores têm relacionado as duas enfermidades.
Alguns sinais de HIPOTIREOIDISMO incluem:
• ganho de peso;
• prisão de ventre;
• perda da memória;
• cansaço;
• depressão;
• períodos menstruais frequentes e abundantes;
A principal preocupação para os diabéticos é entender como esses hormônios afetam sua glicemia. Como a tireoide regula o nosso processo metabólico, um distúrbio nesta glândula poderia afetar a forma como o nosso corpo processa o açúcar, bem como o efeito dos medicamentos para diabetes. Se você sofre de diabetes e hipertireoidismo, simultaneamente, você poderá perceber que seu nível de açúcar pode se elevar de forma anormal. Isso ocorre porque quando você tem este hormônio tireoidiano em excesso em seu organismo, o seu metabolismo acelera, o que aumenta eliminação dos medicamentos ou os torna menos eficazes. O hipotireoidismo é o oposto. Quando você não tem a quantidade suficiente de hormônio da tireoide, seu metabolismo fica mais lento, o que faz com que os medicamentos permaneçam no organismo por mais tempo que o normal. Isso aumenta o risco de uma aparente “superdose” de medicamento no organismo, podendo levar a baixa de açúcar no sangue se não for tratada.
Distúrbios da tireoide não podem ser curados, mas podem ser tratados. O hipertireoidismo normalmente é tratado com medicação ou até mesmo cirurgia. O hipotiroidismo, por outro lado, só pode ser tratado através da administração do hormônio da tireoide. Já que é muito comum os diabéticos (especialmente do tipo 1) desenvolverem problemas de tireoide, recomenda-se fazer avaliações anuais para verificar possíveis distúrbios. As mulheres e os idosos também devem checar regularmente seus níveis de hormônios da tireoide, uma vez estes problemas tornam-se mais comuns à medida que envelhecemos. Um exame de sangue simples é tudo o que será necessário para verificar se você tem problemas na tireoide. Com ou sem diabetes, distúrbios da tireoide são de fato facilmente controláveis e você pode evitar várias complicações a longo prazo, se este distúrbio for detectado precocemente e tratado corretamente. Então, certifique-se de manter-se em dia com seus check-ups anuais e, se perceber alguns dos sintomas acima, aconselhamos que contate seu médico, assim que possível.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Quais são as pontes e os pontos da sua vida?


Quais são as pontes e os pontos da sua vida?
Pontes e pontos
Pontos de encontro,
Pontos de partida,
Pontos sem pontos,
Pontos de um conto.

Pontes de passagem,
Pontes de saída,
Pontes entre cidades,
Pontes de uma vida.

Em torno de um ponto, cruzam pontes em nossas vidas,
Pelas pontes dos nossos entornos, voltam-se pontos da lida.
Não vivi todos os pontos. Nem transcorri todas as pontes,
Respiro sobre as pontes os pontos da minha vida. 
Geraldo Ramires


Quais são as pontes e os pontos da sua vida? :)

Pontes e pontos

Pontos de encontro,
Pontos de partida,
Pontos sem pontos,
Pontos de um conto.

Pontes de passagem,
Pontes de saída,
Pontes entre cidades,
Pontes de uma vida.

Em torno de um ponto, cruzam pontes em nossas vidas,
Pelas pontes dos nossos entornos, voltam-se pontos da lida.
Não vivi todos os pontos. Nem transcorri todas as pontes,
Respiro sobre as pontes os pontos da minha vida. - Geraldo Ramires


quarta-feira, 18 de junho de 2014

As sete lições do bambu


As sete lições do bambu




Depois de uma grande tempestade, o menino que estava passando férias na casa do seu avô, o chamou para a varanda e falou:
Vovô corre aqui! Me explica como essa figueira, árvore frondosa e imensa, que precisava de quatro homens para balançar seu tronco se quebrou, caiu com o vento e com a chuva... este bambu é tão fraco e continua de pé?
Filho, o bambu permanece em pé porque teve a humildade de se curvar na hora da tempestade. A figueira quis enfrentar o vento. O bambu nos ensina sete coisas. Se você tiver a grandeza e a humildade dele, vai experimentar o triunfo da paz em seu coração.


A primeira lição que o bambu nos ensina, e a mais importante, é a humildade diante dos problemas, das dificuldades. Eu não me curvo diante do problema e da dificuldade, mas diante daquele, o único, o princípio da paz, aquele que me chama, que é o Senhor.
A segunda lição: o bambu cria raízes profundas. É muito difícil arrancar um bambu, pois o que ele tem para cima ele tem para baixo também. Você precisa aprofundar a cada dia suas raízes em Deus na oração.


A terceira lição: Você já viu um pé de bambu sozinho? Apenas quando é novo, mas antes de crescer ele permite que nasçam outros a seu lado (como no cooperativismo). Sabe que vai precisar deles. Eles estão sempre grudados uns nos outros, tanto que de longe parecem com uma árvore. Às vezes tentamos arrancar um bambu lá de dentro, cortamos e não conseguimos. Os animais mais frágeis vivem em bandos, para que desse modo se livrem dos predadores.


A quarta lição que o bambu nos ensina é não criar galhos. Como tem a meta no alto e vive em moita, comunidade, o bambu não se permite criar galhos. Nós perdemos muito tempo na vida tentando proteger nossos galhos, coisas insignificantes que damos um valor inestimável. Para ganhar, é preciso perder tudo aquilo que nos impede de subirmos suavemente.


A quinta lição é que o bambu é cheio de "nós" (e não de eu’s). Como ele é oco, sabe que se crescesse sem nós seria muito fraco. Os nós são os problemas e as dificuldades que superamos. Os nós são as pessoas que nos ajudam, aqueles que estão próximos e acabam sendo força nos momentos difíceis. Não devemos pedir a Deus que nos afaste dos problemas e dos sofrimentos. Eles são nossos melhores professores, se soubermos aprender com eles.



A sexta lição é que o bambu é oco, vazio de si mesmo. Enquanto não nos esvaziarmos de tudo aquilo que nos preenche, que rouba nosso tempo, que tira nossa paz, não seremos felizes. Ser oco significa estar pronto para ser cheio do Espírito Santo.


Por fim, a sétima lição que o bambu nos dá é que ele só cresce para o alto. Ele busca as coisas do Alto.


Autor: Desconhecido 

sábado, 14 de junho de 2014

Ensaio sobre amizade

Ensaio sobre amizade






Que qualidade primeira a gente deve esperar de alguém com
quem pretende um relacionamento? Perguntou-me o jovem
jornalista, e lhe respondi: aquelas que se esperaria do melhor amigo. O resto, é claro, seriam os ingredientes da paixão, que vão além da amizade. Mas a base estaria ali: na confiança, na alegria de estar junto, no respeito, na admiração. Na tranqüilidade. Em não poder imaginar a vida sem aquela pessoa. Em algo além de todos os nossos limites e desastres.
Talvez seja um bom critério. Não digo de escolha, pois amor é instinto e intuição, mas uma dessas opções mais profundas,arcaicas, que a gente faz até sem saber, para ser feliz ou para se destruir. Eu não quereria como parceiro de vida quem não pudesse querer como amigo. E amigos fazem parte de meus alicerces emocionais: são um dos ganhos que a passagem do tempo me concedeu. Falo daquela pessoa para quem posso telefonar, não importa onde ela esteja nem a hora do dia ou da madrugada, e dizer: “Estou mal, preciso de você”. E ele ou ela estará comigo pegando um carro, um avião, correndo alguns quarteirões a pé, ou simplesmente ficando ao telefone o tempo necessário para que eu me recupere, me reencontre, me reaprume, não me mate, seja lá o que for.
Mais reservada do que expansiva num primeiro momento,
mais para tímida, tive sempre muitos conhecidos e poucas,
mas reais, amizades de verdade, dessas que formam, com a
família, o chão sobre o qual a gente sabe que pode caminhar.
Sem elas, eu provavelmente nem estaria aqui. Falo daquelas amizades para as quais eu sou apenas eu, uma pessoa com manias e brincadeiras, eventuais tristezas, erros e acertos, os anos de chumbo e uma generosa parte de ganhos nesta vida.
Para eles não sou escritora, muito menos conhecida de público algum: sou gente.
A amizade é um meio-amor, sem algumas das vantagens dele
mas sem o ônus do ciúme – o que é, cá entre nós, uma bela
vantagem. Ser amigo é rir junto, é dar o ombro para chorar,é poder criticar (com carinho, por favor), é poder apresentar namorado ou namorada, é poder aparecer de chinelo de dedo ou roupão, é poder até brigar e voltar um minuto depois, sem ter de dar explicação nenhuma. Amiga é aquela a quem se pode ligar quando a gente está com febre e não quer sair para pegar as crianças na chuva: a amiga vai, e pega junto com as
dela ou até mesmo se nem tem criança naquele colégio.
Amigo é aquele a quem a gente recorre quando se angustia
demais, e ele chega confortando, chamando de “minha
gatona” mesmo que a gente esteja um trapo. Amigo, amiga, é um dom incrível, isso eu soube desde cedo, e não viveria sem eles. Conheci uma senhora que se vangloriava de não precisar de amigos: “Tenho meu marido e meus filhos, e isso me basta”. O marido morreu, os filhos seguiram sua vida, e ela ficou num deserto sem oásis, injuriada como se o destino tivesse lhe pregado uma peça. Mais de uma vez se queixou, e nunca tive coragem de lhe dizer, àquela altura, que a vida é uma construção, também a vida afetiva. E que amigos não
nascem do nada como frutos do acaso: são cultivados com…
amizade. Sem esforço, sem adubos especiais, sem método nem aflição: crescendo como crescem as árvores e as crianças quando não lhes faltam nem luz nem espaço nem afeto.
Quando em certo período o destino havia aparentemente
tirado de baixo de mim todos os tapetes e perdi o prumo, o rumo, o sentido de tudo, foram amigos, amigas, e meus filhos, jovens adultos já revelados amigos, que seguraram as pontas.
E eram pontas ásperas aquelas. Agüentei, persisti, e continuei amando a vida, as pessoas e a mim mesma (como meu amado amigo Erico Verissimo, “eu me amo mas não me admiro”) o suficiente para não ficar amarga. Pois, além de acreditar no mistério de tudo o que nos acontece, eu tinha aqueles amigos.
Com eles, sem grandes conversas nem palavras explícitas,
aprendi solidariedade, simplicidade, honestidade, e carinho.
Nesta página, hoje, sem razão especial nem data marcada,
estou homenageando aqueles, aquelas, que têm estado comigo seja como for, para o que der e vier, mesmo quando estou cansada, estou burra, estou irritada ou desatinada, pois às vezes eu sou tudo isso, ah!, sim. E o bom mesmo é que na amizade, se verdadeira, a gente não precisa se sacrificar nem compreender nem perdoar nem fazer malabarismos sexuais nem inventar desculpas nem esconder rugas ou tristezas. A gente pode simplesmente ser: que alívio, neste mundo complicado e desanimador, deslumbrante e terrível, fantástico e cansativo. Pois o verdadeiro amigo é confiável e estimulante,engraçado e grave, às vezes irritante; pode se afastar, mas sabemos que retorna; ele nos agüenta e nos chama, nos dá impulso e abrigo, e nos faz ser melhores:como o verdadeiro amor.



sexta-feira, 13 de junho de 2014

Sensibilidade demais

Martha Medeiros



Na hora de listar as qualidades que a gente quer encontrar nas pessoas com quem iremos nos relacionar vida afora, está lá a indefectível “sensibilidade”.
A gente quer que o patrão seja sensível e não um grosso. A gente quer que nossa amiga seja sensível e não um trator. A gente quer – e como quer! – que nosso namorado seja sensível e não um machista brucutu.
Encontrar sensibilidade nos outros é meio caminho andado para o entendimento. E sermos, nós mesmos, sensíveis, também é um filtro bem vindo, é a sensibilidade que permite nossa comoção diante de um quadro, de uma música, de um amor que nos arrebata ou de uma perda irreversível.
Mas admito que sinto uma certa inveja daquelas pessoas que são sensíveis mas não se tornam vítimas da própria emoção. Porque sensibilidade demais esgota a gente. Tem horas em que o filtro não filtra coisa nenhuma: permite que a gente seja atingido profundamente por coisas que mereceriam menos entrega. Cultivamos mágoas por coisas que nos aconteceram 15 anos atrás, remoemos culpas que já foram mais que perdoadas e esquecidas, temos nosso sistema nervoso totalmente abalado porque alguém compreendeu mal nossas palavras, sofremos por questões insolúveis, sofremos, sofremos, e sofrer dá uma senhora consistência à nossa vida, mas como cansa.
Às vezes me farto dos ideais que persigo e que, por serem ideais, nunca se concretizarão plenamente. A vida é defeituosa, imprevisível, nada é exatamente como a gente gostaria que fosse – e sensibilidade é algo que faz a gente aceitar isso e ser feliz do mesmo jeito. Já sensibilidade demais dá nos nervos e fatiga à toa. Uma certa frieza nos faz andar mais rápido, não nos retém.
Como se mede, se pesa, se percebe a sensibilidade suficiente e a sensibilidade excessiva? No quanto ela joga a nosso favor ou contra. Sensibilidade suficiente refina você, lhe dá um foco na vida. Já a sensibilidade excessiva faz de você protagonista de um dramalhão mexicano. Temos escolha? Não se escolhe, é o que se é. Os que são sensíveis na medida aproveitam a vida sem duras cobranças internas. Já a turma dos excessivos pega canetas, câmeras, pincéis, sapatilhas, instrumentos, e transforma o excesso em arte. Ou faz besteiras.
Cada um encontra onde colocar sua sensibilidade, uns com leveza, outros com fartão de si mesmos.
Os únicos que seguem não entendendo nada são os insensíveis.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Mágoa


NÃO GUARDE MÁGOA, ISSO VAI ACABAR COM VOCÊ





A mágoa é o detrito da alma. Enferruja a mente, adoece o corpo e debilita o espírito. 
A mágoa envenena a pessoa e rouba sua paz. 
Uma pessoa magoada vive perturbada, e ainda, contamina todos ao redor. 
A mágoa é como o pus de uma ferida: infecciona; e ainda, provoca dor e desconforto. 
A solução é fazer uma assepsia.
 É limpar os porões da memória. 
É ser lavado pelo sangue purificador de Cristo. 
Quem guarda mágoa não consegue orar nem tem alegria na adoração. 
Quem guarda mágoa não pode ser perdoado. 
Uma pessoa magoada adoece física, emocional e espiritualmente. 
O perdão é o remédio para esse mal. 
O perdão cura, liberta e transforma.
 O perdão é maior do que a mágoa.
 O perdão é a assepsia da alma, a faxina da mente e a alforria do coração.


Hernandes Dias Lopes



Ando pensando... não gosto muito quando penso demais, suspiro demais...

mas ando pensando (e quando estou parada também o que é pior) 

Tá bom já vou parar de gracinha, mas sem gracinha não sou eu
Mágoa é falta de perdão?

Se você soubesse que tem 6 meses de vida resolveria suas mágoas?

Deixar pra lá não dissolve a mágoa.

Se... se mágoa for falta de perdão então a coisa tá feia, por que se a gente não perdoar não somos perdoados, e aí? E o céu?
Não acredito que quando a gente perdoa não se esquece o que aconteceu.

Deus esquece, mas Deus é Deus eu sou uma porcaria "mermo".

Meu marido diz que é como amassar um papel, as marcas ficam, nem passando a ferro tira as marcas.

Mas acredito que não deva doer na lembrança ou pelo menos não deveria.

Onde se encaixa a mágoa?

Como a gente tira do peito esse sentimento?

Diferente de Shakespeare que disse: mágoa é tomar veneno e esperar que o outro morra. 

Não acredito assim, creio que a raiva sim possa ser usada nessa frase.

Por isso volto a perguntar, como a gente tira a mágoa do peito?




terça-feira, 10 de junho de 2014

CANÇÃO DOS HOMENS

CANÇÃO DOS HOMENS




Que quando chego do trabalho ela largue por um instante o que estiver fazendo
- filho, panela ou computador - e venha me dar um beijo como os de antigamente.

Que quando nos sentarmos à mesa para jantar
ela não desfie a ladainha dos seus dissabores domésticos.

E se for uma profissional, que divida comigo o tempo de comentarmos nosso dia.

Que se estou cansado demais para fazer amor,
ela não ironize nem diga que "até que durou muito" o meu desejo ou potência.

Que quando quero fazer amor ela não se recuse demasiadas vezes, nem fique impaciente ou rígida, mas cálida como foi anos atrás.

Que não tire nosso bebê dos meus braços dizendo que homem não tem jeito pra isso, ou que não sei segurar a cabecinha dele, mas me ensine docemente se eu não souber.

Que ela nunca se interponha entre mim e as crianças, mas sirva de ponte entre nós quando me distancio ou me distraio demais.

Que ela não me humilhe porque estou ficando calvo ou barrigudo, nem comente nossas intimidades com as amigas, como tantas mulheres fazem.

Que quando conto uma piada para ela ou na frente de outros, ela não faça um gesto de enfado dizendo "Essa você já me contou umas mil vezes".

Que ela consiga perceber quando estou preocupado com trabalho, e seja calmamente carinhosa, sem me pressionar para relatar tudo, nem suspeitar de que já não gosto dela.

Que quando preciso ficar um pouco quieto ela não insista o tempo todo para que eu fale ou a escute, como se silêncio fosse falta de amor.

Que quando estou com pouco dinheiro ela não me acuse de ter desperdiçado com bobagens em lugar de prover minha família.

Que quando eu saio para o trabalho de manhã ela se despeça com alegria, sabendo que mesmo de longe eu continuo pensando nela.

Que quando estou trabalhando ela não telefone a toda hora para cobrar alguma coisa que esqueci de fazer ou não tive tempo.

Que não se insinue com minha secretária ou colega para descobrir se tenho amante.

Que com ela eu também possa ter momentos de fraqueza e de ternura, me desarmar, me desnudar de alma, sem medo de ser criticado ou censurado: que ela seja minha parceira, não minha dependente nem meu juiz.

Que cuide um pouco de mim como minha mulher, mas não como se eu fosse uma criança tola e ela a mãe, a mãe onipotente, que não me transforme em filho.

Que mesmo com o tempo, os trabalhos, os sofrimentos e o peso do cotidiano, ela não perca o jeito terno e divertido que tanto me encantou quando a vi pela primeira vez.

Que eu não sinta que me tornei desinteressante ou banal para ela, como se só os filhos e as vizinhas merecessem sua atenção e alegria.

E que se erro, falho, esqueço, me distancio, me fecho demais, ou a machuco consciente ou inconscientemente,

Ela saiba me chamar de volta com aquela ternura que só nela eu descobri, e desejei que não se perdesse nunca, mas me contagiasse e me tornasse mais feliz, menos solitário, e muito mais humano.

Lya Luft

10 trechos do livro Perdas e Ganhos - Lya Luft

10 trechos do livro Perdas e Ganhos - Lya Luft




1)"Na arte como nas relações humanas, que incluem os diversos laços amorosos, nadamos contra a correnteza. Tentamos o impossível: a fusão total não existe, o partilhamento completo é inexequível. O essencial nem pode ser compartilhado: é descoberta, e susto, glória ou danação de cada um - solitariamente."

2)"Pois viver deveria ser - até o último pensamento e o derradeiro olhar - transformar-se."
3)"Mas somos inocentes das fatalidades e dos acasos brutais que nos roubam amores, pessoas, saúde, emprego, segurança, ideias."
4)"A infância é o chão sobre o qual caminharemos o resto de nossos dias."

5)"Carregamos muito peso inútil. Largamos no caminho objetos que poderiam ser preciosos e recolhemos inutilidades. Corremos sem parar até aquele fim temido, raramente nos sentamos para olhar em torno, avaliar o caminho, e modificar ou manter nosso projeto pessoal."
6)"Uma boa parcela dos sofrimentos entre as pessoas nasce do desencontro e da incomunicabilidade."
7)"Somos tudo isso. Nossa anistia ou nossa aniquilação."

8)"Devo machucar quem amo, e certamente sem razão me sinto ferida algumas vezes."
9)"O casal mais feliz haveria de ser aquele que não desiste de correr atrás do sonho de que, apesar dos pesares, a gente a cada dia se olharia como da primeira vez, se enxergaria - e se escolheria novamente."

10)"A felicidade é assim: cada um, a cada dia, aceita a que o mercado lhe oferece... ou determina a sua."
Vale muito a pena ler o livro!! Amei.
www.facebook.com/doceestranhomundodecarol

Prirodades

Prioridades 
 




"Muito do que gastamos (e nos desgastamos) nesse consumismo feroz podia ser negociado com a gente mesmo: uma hora de alegria em troca daquele sapato. Uma tarde de amor em troca da prestação do carro do ano; um fim de semana em família em lugar daquele trabalho extra que está me matando e ainda por cima detesto.
Não sei se sou otimista demais, ou fora da realidade. Mas, à medida que fui gostando mais do meu jeans, camiseta e mocassins, me agitando menos, querendo ter menos, fui ficando mais tranqüila e mais divertida. Sapato e roupa simbolizam bem mais do que isso que são: representam uma escolha de vida, uma postura interior.
Nunca fui modelo de nada, graças a Deus. Mas amadurecer me obrigou a fazer muita faxina nos armários da alma e na bolsa também. Resistir a certas tentações é burrice; mas fugir de outras pode ser crescimento, e muito mais alegria.
Cada um que examine o baú de suas prioridades, e faça a arrumação que quiser ou puder.
Que seja para aliviar a vida, o coração e o pensamento - não para inventar de acumular ali mais alguns compromissos estéreis e mortais."

Lya Luft

domingo, 1 de junho de 2014

A Felicidade possível

A Felicidade possível



Só quem está disposto a perder tem o direito de ganhar. Só o maduro é capaz da renúncia. E só quem renuncia aceita provar o gosto da verdade, seja ela qual for.

O que está sempre por trás dos nossos dramas, desencontros e trambolhões existenciais é a representação simbólica ou alegórica do impulso do ser humano para o amadurecimento.
A forma de amadurecer é viver. Viver é seguir impulsos até perceber, sentir, saber ou intuir a tendência de equilíbrio que está na raiz deles (impulsos). A pessoa é impelida para a aventura ou peripécia, como forma de se machucar para aprender, de cair para saber levantar-se e aprender a andar. É um determinismo biológico: para amadurecer há que viver (sofrer) as machucadelas da aventura e da peripécia existencial.

A solução de toda situação de impasse só se dá quando uma das partes aceita perder ou aceita renunciar (e perder ou renunciar não é igual, mas é muito parecido; é da mesma natureza). Sem haver quem aceite perder ou renunciar, jamais haverá o encontro com a verdade de cada relação. E muitas vezes a verdade de cada relação pode estar na impossibilidade, por mais atração que exista. Como pode estar na possibilidade conflitiva, o que é sempre difícil de aceitar.

Só a renúncia no tempo certo devolve as pessoas a elas mesmas e só assim elas amadurecem e se preparam para os verdadeiros encontros do amor, da vida e da morte. Só quem está disposto a perder consegue as vitórias legítimas.

Amadurecer acaba por se relacionar com a renúncia, não no sentido restrito da palavra (renúncia como abandono), porém no lato (renúncia da onipotência e das formas possessivas do viver).

Viver é renunciar porque viver é optar e optar é renunciar.

Renunciar à onipotência e às hipóteses de felicidade completa, plenitude etc é tudo o que se aprende na vida, mas até se descobrir que a vida se constrói aos poucos, sobre os erros, sobre as renúncias, trocando o sonho e as ilusões pela construção do possível e do necessário, o ser humano muito erra e se embaraça, esbarra, agride, é agredido.
Eis a felicidade possível: compreender que construir a vida é renunciar a pedaços da felicidade para não renunciar ao sonho da felicidade.

Artur da Távola