terça-feira, 29 de julho de 2014

#Saúde

Acabe com a irritabilidade, ansiedade e depressão

Acabe com a irritabilidade, ansiedade e depressão
A irritabilidade, ansiedade e depressão são os problemas de saúde mental mais comuns em nossa sociedade. Muitas vezes são sentidos como um complexo conjunto de desafios emocionais e funcionais. A ciência nos ajuda a compreender a conexão existente entre a mente e o corpo e vemos como a ansiedade e a depressão podem ser provocados por uma variedade de fatores.
Estes fatores podem ser de natureza nutricional, psicológica, física, emocional, ambiental, social, espiritual, bem como genética ou de doença cerebral. Enquanto que muitas vezes ouvimos falar de uma causa bioquímica,não está claro se o nível dos neurotransmissores é a causa real da irritabilidade, ansiedade e depressão, ou simplesmente um sintoma de que uma pessoa está ansiosa ou deprimida.
A irritabilidade, ansiedade e a depressão não são a mesma coisa, mas às vezes se apresentam juntas. Não é raro que as pessoas com depressão experimentem ansiedade e as pessoas com ansiedade a depressão, assim como a irritabilidade.

Melhorar a nossa saúde mental

Enquanto que a depressão e a ansiedade em geral se classificam como doenças mentais, é mais fácil pensar nelas como transtornos da saúde cerebral, o que está diretamente relacionado com a estrutura física e os mecanismos do cérebro, assim como os problemas emocionais e relacionais.
Esta perspectiva coloca em destaque a necessidade de cuidar do cérebro, o qual, igual aos outros órgãos do corpo, se vê afetado pelo nosso estilo de vida. Como tal, o que comemos, como nos movimentamos e a qualidade de nosso sono afeta o funcionamento de nosso cérebro. Além disso, a forma como administramos o estresse e outras emoções, a qualidade de nossas relações e as nossas motivações, tudo isso influencia em nossa saúde mental.

Sintomas da ansiedade e depressão

Depresion-simple
A ansiedade e a depressão nos impedem de desenvolver nossa vida de forma normal, alteram nossos hábitos e comportamentos, afetam nossas relações em geral, trabalho, família, companheiro(a) etc. Manifestam-se mediante sintomas que podem ser de origem física (como dor abdominal, pontadas, taquicardias, dificuldade para respirar, enjoos, tremores musculares, sudorese, cansaço etc.) Ou mental (como a irritabilidade, angústia, medo, fuga ou evitação). em geral, estes transtornos são produzidos por preocupações exageradas e reiteradas, assim como a dificuldade para nos adaptarmos às mudanças em nossa vida pessoal ou profissional.

10 ações para acabar com a irritabilidade, ansiedade e depressão

Começa a cuidar de seu cérebro com os seguintes conselhos:
1. Respira lentamente, a exalação lenta ajuda a relaxar o corpo.
2. Movimenta seu corpo.
3. Passe mais tempo em contato com a natureza.
4. Procure dormir um sono regular e reparador.
5. Passe mais tempo com o apoio de amigos e familiares.
6. Aceite a imperfeição.
7. Coma alimentos funcionais e beba muita água.
8. Medita (sentado(a) ou em movimento) ou reserva um tempo regular para a prática de auto-conhecimento.
9. Pratica o perdão consigo e com o outro.
10. Pratica  o agradecimento consigo e com o outro.

Intervalo

A vida é feita de intervalos



Por: Jael Coaracy em 
Há alguns dias, conversando com uma amiga, falávamos sobre a importância do intervalo. Um intervalo é um espaço aberto na continuidade, que está algo que começou e ainda não chegou ao final. Um tempo de respiração livre, em que nos reabastecemos de energia.
A vida é feita de intervalos. O problema é que muitos não percebem que um invervalo é só um tempo. Sofrem por acreditarem que a pausa é o fim de algo. São pessoas que, por exemplo, ao terminarem um relacionamento amoroso, acham que nunca mais vão amar. Ou, diante de um período mais difícil da vida, em que precisam se confrontar com dificuldades e obstáculos, acreditam terem perdido para sempre a possibilidade de uma vida tranqüila e alegre. Tomam como definitivo o que é apenas um intervalo.
Intervalos são constantes, de duração variada e podem ser vivenciados de diferentes maneiras. O melhor é que sejam acolhidos com naturalidade. Recebidos como um tempo para ajustes,um sopro que revitaliza a intenção e a atenção.
Segundo o dicionário de Michaelis, intervalo é definido como a " distância em tempo ou espaço entre duas referências". Pode ser a distância entre duas notas musicais, um espaço de tempo entre dois fatos, entre os atos de uma peça teatral, entre as músicas de um show, entre um momento de alegria e outro, entre um amor e outro, entre uma viagem e a próxima.
A nossa vida é um intervalo entre o nascimento e a morte. E se a vida é um intervalo feito de muitos intervalos, o melhor a fazer é aproveitar cada um deles com aceitação e sabedoria. O que melhor: às vezes, é justamente no invervalo entre uma experiência e outra, que os eventos que tanto desejamos tomam forma para se manifestarem. Bem-vindo seja o intervalo.



segunda-feira, 28 de julho de 2014

Meus Rabiscos

No Intervalo                                         


Com apenas 20 minutos para alguns é o tempo suficiente para fazer inúmeras coisas.
Eu mesma não consigo fazer muito do que desejo, enquanto conheço pessoas que fazem ligações e fazem o que planejaram, é o que parece. Outras se alimentam e até sobram um tempinho para um bate-papo, ir ao banheiro, passar um batom, ficar no whatsapp e confesso que fico admirada com tanta habilidade.
Será que todos os intervalos que a vida nos oferece são de 20 minutos?
Será que todos os intervalos são planejados?
Durante esse intervalo somos surpreendidos ou não?
Fico a pensar: Será que o intervalo é tão curto assim para mim?
Ou não consigo me adequar a ele?
O fato que não há como mudar esse intervalo, faz parte da regra e eu sabia muito  disso.
Cabe a mim...
Gostaria de saber qual a duração dos intervalos da vida.
Na escola chamamos de recreio ou intervalo e nem sempre dá tempo para se fazer tudo, o tempo é curo ou falta habilidade?
Preciso me adaptar!
Que ele é almejado, isso sem comentários, esperamos por ele ansiosamente e quando chega a hora que alegria mas, quando termina um sentimento que faltou fazer algo.
Não foi o suficiente!

"Você nasce sem pedir e morre sem querer. Aproveite o intervalo!" - Chorão

Céu Azul

Mensagem: Boas atitudes atraem boas atitudes


Trecho para explicar a mensagem: "Alguém te perguntou como é que foi seu dia, uma palavra amiga, uma noticia boa, isso faz falta no dia a dia, a gente nunca sabe quem são essas pessoas".


Melhores frases: - "Mais que preguiça boa, me deixa aqui à toa, hoje ninguém vai estragar meu dia"
- "Fica comigo então, não me abandona não"
- "Eu estava errado e você não tem que me perdoar, mas também quero te mostrar, que existe um lado bom nessa história: tudo o que ainda temos à compartilhar"
- "Não importa qual seja o dia, vamos viver, vadiar, o que importa é nossa alegria"

Dias de Lutas, Dias de Glória

Mensagem: Todos temos dias bons e ruins, então nunca desista!


Trecho: "A vida me ensinou a nunca desistir, nem ganhar, nem perder mas procurar evoluir"


Melhores frases: - "Na minha vida tudo acontece, mas quanto mais a gente rala, mais a gente cresce"
- "Mas o seu sorriso vale mais que um diamante, se você vier comigo, aí nós vamos adiante"
- "Já te via muito antes nos meus sonhos, eu procurei a vida inteira por alguém como você"
- "Mas hoje dou valor de verdade pra minha saúde, pra minha liberdade"



Senhor do Tempo
Mensagem: O tempo é o melhor remédio.

Trecho: "O tempo passa e um dia a gente aprende" + "O tempo é rei, a vida é uma lição, e um dia a gente cresce, e conhece nossa essência e ganha experiência"

Melhores frases: - "Na paz, na moral, na humilde, busco só sabedoria, aprendendo todo dia, me espelho em você, corro junto com você, vivo junto com você, faço tudo por você"
- "Não dá pra fraquejar, quem é guerreiro tá ligado, que guerreiro é assim"
- "Eu vi o tempo passar e pouca coisa mudar, então tomei um caminho diferente"





PS. "Eu vi o intervalo passar e pouca coisa mudar, então tomei um caminho diferente."

As vezes a vida pode nos proporcionar um intervalo em que vamos saber usar de tal maneira como se fosse um ano.
Onde está o segredo?


Eu não faço a menor ideia do que eu tô fazendo com a minha vida (com Clarice Falcão) - TRAILER #2


 



sexta-feira, 25 de julho de 2014

Reflexão

Bom dia?


"Há quem não reverencie as cores, as flores, estampas, misturas, audácias. O nude é elegante na moda, mas a vida nua e crua precisa de uns respingos de laranja, vermelho e verde para provocar estímulo, senão caímos em sono profundo, e sono profundo é a morte. Estou falando do tom com que colorimos a nossa história. Lamento por quem vive em sépia, deixando-se desbotar. Beleza, aromas, sensações, arte. Quem faz dieta de teatro, música, cinema, literatura, dança e artes plásticas morre magro, definha. () Qual sentido da vida? Que graça tem armazenar um milhão de amigos numa rede virtual, se envaidecer da própria conta bancária, buscar beleza em centros cirúrgicos, investir apenas no que é útil e rentável- ou então no supérfluo que dá status? Qual o sentido de acordar de manhã sem paz de espírito, caminhar por uma casa que não sorri de volta, passar o dia no computador sem olhar uma única vez pro céu? Qual o sentido de correr tantos riscos (violência, desamor, frustração, doenças) se não tem uma vida interior protegida da miséria existencial? O sentido está nos sentidos. Nada mais óbvio, nem mais bonito."
Martha Medeiros


quinta-feira, 24 de julho de 2014

"Quando você não for convidado, convide a si mesmo."
Que tal?

By Allê Monteiro




Pense...
Você é o convidado Especial... a festa não será a mesma com a sua ausência!


 Faça um compromisso com  você!


Faça um delicioso café!!


Leve você ao melhor Shopping dos sonhos!


Um churrasco dos seus sonhos!!!

O convidado principal da festa é Você!
E agora?
Invente uma festa!


Separe um dia só para Você, exclusividade!


 Esqueceu que Você pode fazer um jantar?
Sem você não será do mesmo jeito!


Viaje, nem que seja nos sonhos!!!



Use a criatividade: Ligue o som e dance a noite inteira!!


Já fez o convite?
...
By Allê Monteiro

FELIZ POR NADA

"Descobrir que tem o momento certo de nascer, ninguém nasce fora da hora, eu por exemplo nasci aos 40 anos."

Allê Monteiro


MARTHA MEDEIROS: FELIZ POR NADA





Geralmente, quando uma pessoa exclama Estou tão feliz!, é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.
Digamos: feliz porque maio recém começou e temos longos oito meses para fazer de 2010 um ano memorável. Feliz por estar com as dívidas pagas. Feliz porque alguém o elogiou. Feliz porque existe uma perspectiva de viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há lugar no mundo mais acolhedor do que sua cama.
Esquece. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.
Feliz por nada, nada mesmo?
Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal de felicidade inferniza. “Faça isso, faça aquilo”. A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?
Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando “realizado”, também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.
Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.
Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?
A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.
Ser feliz por nada talvez seja isso.




Mas o bom mesmo é ler o livro completo! :D
>> Leia algumas crônicas no site da Veja
>> Trecho do livro no site da editora L&PM
>> Conheça Martha Medeiros

terça-feira, 22 de julho de 2014

“Nunca imaginei um dia”

“Nunca imaginei um dia” – Crônica de Martha Medeiros

26, dezembro, 2009
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Já que é improvável que 2010 seja diferente de qualquer outro ano, que a novidade sejamos nós.

Até alguns anos atrás, eu costumava dizer frases como “eu jamais vou fazer isso” ou “nem morta eu faço aquilo”, limitando minhas possibilidades de descoberta e emoção. Não é fácil libertar-se do manual de instruções que nos autoimpomos. Às vezes, leva-se uma vida inteira, e nem assim conseguimos viabilizar esse projeto. Por sorte, minha ficha caiu há tempo.
Começou quando iniciei um relacionamento com alguém completamente diferente de mim, diferente a um ponto radical mesmo: ele, por si só, foi meu primeiro “nunca imaginei um dia”. Feitos para ficarem a dois planetas de distância um do outro. Mas o amor não respeita a lógica, e eu, que sempre me senti tão confortável num mundo planejado, inaugurei a instabilidade emocional na minha vida. Prendi a respiração e dei um belo mergulho.
A partir daí, comecei a fazer coisas que nunca havia feito. Mergulhar, aliás, foi uma delas. Sempre respeitosa com o mar e chata para molhar os cabelos, afundei em busca de tartarugas gigantes e peixes coloridos no mar de Fernando de Noronha. Traumatizada com cavalos (por causa de um equino que quase me levou ao chão quando eu tinha oito anos), participei da minha primeira cavalgada depois dos 40, em São Francisco de Paula. Roqueira convicta e avessa a pagode, assisti a um show do Zeca Pagodinho na Lapa. Para ver o Ronaldo Fenômeno jogar ao vivo, me inflitrei na torcida do Olímpico num jogo entre Grêmio e Corinthians, mesmo sendo colorada. Meu paladar deixou de ser monótono: comecei a provar alimentos que nunca havia provado antes. E muitas outras coisas vetadas por causa do “medo do ridículo” receberam alvará de soltura. O ridículo deixou de existir na minha vida.
Não deixei de ser eu. Apenas abri o leque, me permitindo ser um “eu” mais amplo. E sinto que é um caminho sem volta.
Um mês atrás participei de outro capítulo da série “Nunca imaginei um dia”. Viajei numa excursão, eu que sempre rejeitei essa modalidade turística. Sigo preferindo viajar a dois ou sozinha, mas foi uma experiência fascinante, ainda mais que a viagem não tinha como destino um país do circuito Elizabeth Arden (Paris-Londres-Nova York), mas um país africano, muçulmano e desértico. Aliás, o deserto de Atacama, no Chile, será meu provável “nunca imaginei um dia” de 2010.
E agora cometi a loucura jamais pensada, a insanidade que nunca me permiti, o ato que me faria merecer uma camisa-de-força: eu, que nunca me comovi com bichos de estimação, adotei um gato de rua. Pode colocar a culpa no espírito natalino: trouxe um bichano de três meses pra casa, surpreendendo minhas filhas, que já haviam se acostumado com a ideia de ter uma mãe sem coração. E o que mais me estarrece: estou apaixonada por ele.
Ainda há muitas experiências a conferir: fazer compras pela internet, andar num balão, cozinhar dignamente, me tatuar, ler livros pelo kindle, viajar de navio e mais umas 400 coisas que nunca imaginei fazer um dia, mas que já não duvido. Pois tem essa também: deixei de ser tão cética.
Martha Medeiros
Martha Medeiros é uma jornalista e escritora brasileira. É colunista do jornal Zero Hora de Porto Alegre, e de O Globo, do Rio de Janeiro.

A melhor vida possível

A melhor vida possível 

MARTHA MEDEIROS



ZERO HORA - 02/02/2014

Quanto mais converso por aí, mais percebo que é inútil acreditar em verdades absolutas e fórmulas ideais de convivência. Cada pessoa tem familiares que influenciaram suas escolhas, medos herdados e medos adquiridos, sonhos altos demais ou mesmo nenhum, e um número incalculável de perguntas sem respostas, de desejos embaraçosos, de mágoas vitalícias. Quem vai decretar para mim o que é melhor para mim? E quem vai dizer o que é melhor para você? Com que topete?

A melhor vida não é aquela que atende os mandamentos universais, as ordens celestes e os clichês eternizados, mas a que se tornou possível, a que você vem construindo a despeito de todas as suas dúvidas.

A melhor vida seria a da Gisele Bündchen, pensa a menina feia. A melhor vida seria a da Dilma, pensa a vereadora de uma cidadezinha do interior. Enquanto isso, vivem a vida possível, sem perceber o quanto deveriam ser gratas por não precisarem arcar com consequências que desconhecem.

A melhor vida para mim é bem diferente da melhor vida para você. Reúna o planeta inteiro e não se encontrará duas pessoas que planejem possuir a mesma vida, porque uns não querem ter horário para nada, outros se envaidecem de ter suas atitudes comentadas por estranhos, há os que se paralisam à primeira frustração, os que estão sempre inventando novos desafios, e a vida possível de cada um torna-se impossível para os demais, o que não deixa de ser uma piada termos que conviver intimamente uns com os outros apesar desse tabuleiro inesgotável de escolhas e destinos.

Se eu almejar uma vida ideal, terei que me basear na vida dos outros, pois o ideal é fruto de uma racionalização coletiva e consagrada, enquanto que se eu me contentar com uma vida possível, volto a assumir algum controle sobre os royalties das minhas decisões.

O que não impede que ela seja ótima, a mais adequada para o fôlego que tenho, a mais realizável dentro de minhas ambições, a menos sofrida, já que regulada pelo autoconhecimento que adquiri até aqui. Tenho como manejar uma vida possível de um jeito que jamais teria de manejar uma vida perfeita, até porque vida perfeita não é deste mundo, e o sobrenatural é matéria que não domino.

A melhor vida não é a focada em suposições, fantasias, esperas, surpresas e demais previsões que raramente se confirmam. A melhor vida não é aquela que é cumprida feito um pagamento de dívida, como um acerto de contas com nossos antigos anseios juvenis.

A melhor vida não é a que desenhamos quando criança na folha do caderno, a casinha de venezianas abertas, a fumaça saindo pela chaminé e os girassóis protegidos por uma cerquinha branca, e tudo o que isso sugere de proteção e vizinhança com os desejos comuns a todos. A melhor vida possível é aquela que você ainda vem desenhando, mesmo já com algumas pontas de lápis quebradas.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Amigo de si mesmo

Martha Medeiros: Amigo de si mesmo


Em seu recém-lançado livro Quem Pensas Tu que Eu Sou?, o psicanalista Abrão Slavutsky reflete sobre a necessidade de conquistar o reconhecimento alheio para que possamos desenvolver nossa autoestima. Mas como sermos percebidos generosamente pelo olhar dos outros? Os ensaios que compõem o livro percorrem vários caminhos para encontrar essa resposta, em capítulos com títulos instigantes como Se o Cigarro de García Márquez Falasse, Somos Todos Estranhos ou A Crueldade é Humana. Mas já no prólogo o autor oferece a primeira pílula de sabedoria. Ele reproduz uma questão levantada e respondida pelo filósofo Sêneca: "Perguntas-me qual foi meu maior progresso? Comecei a ser amigo de mim mesmo".

Como sempre, nosso bem-estar emocional é alcançado com soluções simples, mas poucos levam isso em conta, já que a simplicidade nunca teve muito cartaz entre os que apreciam uma complicaçãozinha. Acreditando que a vida é mais rica no conflito, acabam dispensando esse pó de pirilimpimpim.

Para ser amigo de si mesmo é preciso estar atento a algumas condições do espírito. A primeira aliada da camaradagem é a humildade. Jamais seremos amigos de nós mesmos se continuarmos a interpretar o papel de Hércules ou de qualquer super-herói invencível. Encare-se no espelho e pergunte: quem eu penso que sou? E chore, porque você é fraco, erra, se engana, explode, faz bobagem. E aí enxugue as lágrimas e perdoe-se, que é o que bons amigos fazem: perdoam.

Ser amigo de si mesmo passa também pelo bom humor. Como ainda há quem não entenda que sem humor não existe chance de sobrevivência? Já martelei muito nesse assunto, então vou usar as palavras de Abrão Slavutsky: "Para atingir a verdade, é preciso superar a seriedade da certeza". É uma frase genial. O bem-humorado respeita as certezas, mas as transcende. Só assim o sujeito passa a se divertir com o imponderável da vida e a tolerar suas dificuldades.

Amigar-se consigo também passa pelo que muitos chamam de egoísmo, mas será? Se você faz algo de bom para si próprio estará automaticamente fazendo mal para os outros? Ora. Faça o bem para si e acredite: ninguém vai se chatear com isso. Negue-se a participar de coisas em que não acredita ou que simplesmente o aborrecem. Presenteie-se com boa música, bons livros e boas conversas. Não troque sua paz por encenação. Não faça nada que o desagrade só para agradar aos outros. Mas seja gentil e educado, isso reforça laços, está incluído no projeto "ser amigo de si mesmo".

Por fim, pare de pensar. É o melhor conselho que um amigo pode dar a outro: pare de fazer fantasias, sentir-se perseguido, neurotizar relações, comprar briga por besteira, maximizar pequenas chatices, estender discussões, buscar no passado as justificativas para ser do jeito que é, fazendo a linha "sou rebelde porque o mundo quis assim". Sem essa. O mundo nem estava prestando atenção em você, acorde. Salve-se dos seus traumas de infância. Quem não consegue sozinho, deve acudir-se com um terapeuta. Só não pode esquecer: sem amizade por si próprio, nunca haverá progresso possível, como bem escreveu Sêneca cerca de 2.000 anos atrás. Permanecerá enredado em suas próprias angústias e sendo nada menos que seu pior inimigo.
Leia mais Aqui
Allê Monteiro

Martha Medeiros: O direito ao sumiço


Aos 20 anos, saí pelo mundo sozinha para tentar entender o real significado de "estar" sozinha. Hoje, a tecnologia não deixa mais ninguém sumir por uns tempos

São poucos os adolescentes que não sonham, um dia, em passar uma temporada fora do país. Nem todos realizam, obviamente não é um sonho barato. Mas juntando umas economias aqui, um fundo de garantia ali, se inscrevendo num programa de intercâmbio ou simplesmente munindo-se de coragem e uma mochila, muitos conseguem embarcar num avião: hora de dar um tempo pro Brasil, aprender outro idioma, meter a cara lá fora.

Eu tive essa oportunidade aos 20 e poucos anos. Poupei dinheiro, acumulei férias não vencidas na empresa onde trabalhava e saí para o mundo sozinha, interessada em conhecer vários lugares mas, principalmente, interessada em entender o que significava, afinal, esse "sozinha". Que delícia. Ninguém saber onde estou, o que comi no almoço, quais os meus medos, quem eram as pessoas com quem eu cruzava. Olhar para os lados e não reconhecer nenhum rosto, direcionar meus passos para onde eu quisesse, sem um guia, sem um acordo prévio, liberdade total. Desaparecida no mundo. Isso me conferia uma certa bravura, fortalecia minha autoestima. Claro que eu telefonava para casa de vez em quando e escrevia cartas, fazendo os relatos necessários e tranquilizando o pessoal, mas eu estava sozinha da silva com meus pensamentos e emoções novas.

Aí veio a tecnologia, com seus mil olhos, e acabou com essa história de sozinha da silva. Hoje ninguém mais consegue tirar férias da família, dos amigos e da vida que conhece tão bem. Antigamente era uma aventura fazer um autoexílio, sumir por uns tempos. Mas isso foi antes do Skype. Do MSN. Do e-mail. Hoje, nem que você vá para outro planeta consegue desaparecer.

Claro que só usa essa parafernália tecnológica quem quer. Você pode encontrar uma dúzia de cybercafés em cada quarteirão da cidade em que está e passar reto por eles, fazer que não viu. Mas sua mãe, seu pai, sua namorada, sua irmã, seu melhor amigo, todos eles sabem que você está vivendo coisas incríveis e querem que você conte tudinho, em detalhes. Não custa nada mandar um sinal de vida, pô. Todos os dias, claro! Dois boletins diários: às 11h da manhã e no fim da noite, combinado.

Sei que quando chegar a hora de minhas filhas sumirem no mundo vou rezar uma novena para abençoar a sagrada internet, mas não quero esquecer jamais da importância de se respeitar o distanciamento e o prazer que o viajante sente ao estar momentaneamente fora de alcance, sem rastreamento, sem monitoração. Para os que ficam, é um alívio poder sentir próximo aquele que está longe, mas aquele que está longe tem o direito ao sumiço - e o dever até. Quem não desfruta do privilégio de deixar uma saudade atrás de si e curtir o "não ser", "não estar" e "não ser visto", perde uma das sensações mais excitantes da vida, que é se sentir um estrangeiro universal.

É só conferir Aqui


Allê Monteiro